sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sequência Didática - O Avestruz, Mario Prata


Avestruz

Mário Prata

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos,uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.

Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio. 

E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato. 

Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.

Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé. 

Sacanagem, Senhor!

Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente,olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.

Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!

Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.

Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.

Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.

Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.

Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.


PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6º ano vol. 2
Caderno aluno p. 9
Caderno do Professor p. 18

Sequência didática para 7ºs anos

Estratégias:

1- antes da leitura, pedir aos alunos que falem sobre o que sabem sobre a ave e se já viram um avestruz?; 

2- leitura compartilhada e esclarecimento de vocabulário, se preciso for; 

3- estudo da características da crônica; 

4- produção de enredo narrativo em 5 frases (situação inicial, conflito, desenvolvimento, clímax e desfecho); 

5- aplicação de perguntas aos alunos que os levem a refletir um pouco sobre o texto (Vocês já pediram algo que seus pais se recusaram a lhe dar por algum motivo? Vocês já fizeram pedidos estranhos aos seus pais?); 

6- aplicação de perguntas que levem os alunos a refletirem sobre o porquê de o menino fazer um pedido desses para a mãe, se já tem idade para saber que morando em um apartamento, tal desejo jamais poderia ser realizado (Na sua opinião, por que será que o menino queria um avestruz como animal de estimação, uma vez que ele já teria idade para entender as inadequação de seu pedido?).

domingo, 16 de junho de 2013

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DE LEITURA



Meu Primeiro Beijo




Antonio Barreto







É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
 
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
 
"Você é a glicose do meu metabolismo.
 
Te amo muito!
 
Paracelso"
 
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
 
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
 
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
 
Mas ele continuou:
 
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
 
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
 
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
 
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
 
Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!
 
BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.

 

Extraído de http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430


Sequência didática de leitura – Meu primeiro beijo, Antonio Barreto

Público alvo: 9º ano EF

1.      Ativação de conhecimentos prévios / checagem de hipóteses:

a)   Vocês conhecem este autor? O que vocês já leram dele?

b)  Pelo título o que vocês esperam do texto?

c)   Vocês já vivenciaram esta experiência? Como foi? Em caso contrário, quais são suas expectativas?

·           O professor também pode contar a sua experiência.

 
2.     Localização e comparação de informações e generalizações (Leitura compartilhada)

a)   Grife os conhecimentos científicos que o texto traz sobre o beijo.  Estas informações aparecem da fala da personagem masculina, o que é possível afirmar sobre o seu perfil?

b)  Será que o primeiro beijo é uma experiência que guardamos para o resto de nossas vidas?

 
3.     Inferências locais:

a)     Por que o apelido do garoto era cultura inútil?

b)     O que ele quis dizer com a declaração de amor: “Você é a glicose do meu metabolismo”?

c)      Por que ele assinou o bilhete como “Paracelso”?

d)     Pelo contexto, que significado vocês atribuiriam à palavra “perdigotos”?

Inferências globais:

a)   Grife os termos que se referem ao garoto. Que perfil da personagem é possível traçar a partir das escolhas destas palavras e das figuras utilizadas como a ironia e a metáfora?

 
4.     Recuperação do contexto de produção / finalidades e metas da atividade de leitura

a) Que tipo de texto é este?

b) Qual é a sua função social?

c) Onde ele costuma ser veiculado?

d) Qual é o perfil do leitor a que ele se destina?

e) Vocês se identificam com o tema do texto? Qual é a opinião de vocês sobre este assunto?

 
5.     Intertextualidade

a)     Você se lembrou de outros textos ou imagens que tratam deste assunto?

b)     Indicar ou levar para classe:
  • Soneto de Fidelidade, Vinicius de Moraes
  • O primeiro beijo, Clarice Lispector
  • Quadro de Gustav Klimt
  • Foto de soldado beijando uma enfermeira – 2ª Guerra Mundial
  • Filme ABC do amor
  • Conto de Verão nº 2: Bandeira Branca, Luís Fernando Veríssimo






http://trombadeelefante.blogspot.com/2013/01/o-beijo-de-gustav-klimt.html



http://www.eusoqueriaumcafe.com/2010/08/com-todas-as-letras.html


6.     Extrapolando o texto

a)        Discutir a importância do beijo há algumas décadas e no século XXI.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Experiências de leitura e escrita

Nos anos 60, período de minha infância, o acesso a livros e a informações em geral não era disponível para a maioria das famílias brasileiras, inclusive a minha. Felizmente, um dos meus irmãos conseguia alguns exemplares da revista “Seleções”, que publicava narrativas e muitas curiosidades. Líamos à noite, com a família reunida, pois não tínhamos televisão. Assim foram minhas primeiras experiências com a palavra escrita, fora do âmbito escolar. Só tive acesso a obras clássicas a partir do curso ginasial e essa experiência não foi voluntária; lia para participar de seminários durante as aulas de português. As leituras obrigatórias, entretanto, despertaram em mim muita curiosidade e, durante a minha adolescência, li compulsivamente muitos clássicos da literatura.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Perfil - Aparecida Henrique

Sou professora da rede estadual de ensino há 25 anos. Apesar de estar prestes a me aposentar, quero fazer um bom aproveitamento deste curso, pois acredito que, de alguma forma, ainda poderei continuar contribuindo com a educação.
Gosto de ler, viajar e me reunir com amigos.